Instantâneos da crise do capitalismo
“Entre 2008 e 2012, o produto Interno Bruto (PIB) da Grécia recuou 20%; de Portugal, 7%; e da Espanha, 4%.” [p.17]
“Enquanto existe hoje 1,4 milhão de desempregados em Portugal, a lucratividade dos principais grupos empresariais exportadores (EDP, Galp, Mota Engil, Grupo Melo e Lactogal, entre outros) aumentou nos últimos três anos.” [p. 19]
“Para 115 milões de trabalhadores em risco de pobreza e exclusão social vivendo na Europa em 2010, a atual ditadura das finanças significou a dolorida dessacralização da época burguesa.” [p.19]
“Segundo dados divulgados recentemente pelo instituto estatístico da União Europeia, o Eurostat, o número de portugueses vivendo em risco de pobreza e exclusão social chegou, em 2010, aos 2,7 milhões, isto é, 25,4% da população total do país.” [p. 19]
“Conforme os padrões portugueses, essa condição social [do precariado] encontra uma tradução monetária, ou seja, viver com menos de 434 euros, algo como 1.190 reais, por mês. Trata-se do valor limítrofe do pauperismo em Portugal. Em 2010, 1,2 milhão de cidadãos portugueses sobrevivem com uma renda inferior a essa. Estamos falando em mais de 11% da população do país, um contingente que cresceu 12% em relação a 2009.” [p.20]
“No Brasil, a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE) entende que a chamada ‘nova classe média’ seria formada por aqueles cuja renda está entre 291 e 1019 reais mensais. Ou seja, estamos abaixo da linha da pobreza em Portugal. Uma comparação entre os custos de vida em São Paulo (12a. cidade mais cara do mundo) e Lisboa (108a.), apenas serviria para adicionar injúria à ofensa.” [p.20]
Sobre o Bolsa Família
“Desde o dia 8 de janeiro de 2004, o Brasil comprometeu-se, por meio do Programa Bolsa Família (PBF), a universalizar, começando pela população pauperizada, a política de Renda Básica. E, de fato, muitos estudiosos brasileiros têm demonstrado com abundância de dados que o PBF revelou-se largamente eficiente em resgatar as famílias da condição de extrema pobreza. Na última década, além de ajudar na redução da desigualdade de renda, alterando significativamente a norma social do consumo de famílias pauperizadas, o PBF foi o principal responsável pela diminuição da taxa de extrema pobreza no país, que passou, entre 2001 e 2011, de 8% para 4,7% da população brasileira.” [p. 29]
“Apenas entre 2003 e 2013, os gastos federais com o PBF saltaram de 7,5 para 24,7 bilhões de reais, com foco em 16 milhões de famílias em situação de extrema pobreza. O benefício básico é de 77 reais e alcança quase 60 milhões de cidadãos.” [p. 29]
“os gastos assistenciais [representam] 3,15% do orçamento executado em 2012” [p.29]
“os gastos com juros e amortizações da dívida pública […] atualmente consomem 43,98% do orçamento geral da União.” [p.30]
“Alguns estudiosos têm argumentado que o governo brasileiro não apenas aumentou os gastos sociais às expensas do investimento em saúde e educação, como, por si só, o PBF não é capaz de retirar as famílias assistidas da condição de pobreza oficial. Para tanto, seria necessária a combinação entre crescimento econômico e aumento dos gastos com educação e saúde.” [p.30]
[BRAGA, Ruy. A pulsão plebeia: trabalho, precariedade e rebeliões sociais. São Paulo: Alameda, 2015]