Nesta edição do Clipping Internacional da Fundação Lauro Campos, ressaltamos a conjuntura política europeia. Na Grã-Bretanha, o terremoto causado pelo surpreendente desempenho de Jeremy Corbyn (ala esquerda do Partido Trabalhista) está longe de ter seus efeitos estabilizados. Na França, Macron venceu com sobras as eleições legislativas, porém a abstenção recorde coloca em xeque sua capacidade de convencer a sociedade francesa de seu programa neoliberal. Ainda no Velho Continente, observamos o prolongamento da agonia austeritária na Grécia e as enormes mobilizações independentistas na Catalunha.
Do outro lado do Atlântico, Donald Trump encontra-se sob investigação oficial, o que não o impede de continuar promovendo mudanças em relação ao governo de Obama; a última foi a revogação do acordo histórico com Cuba. No Chile, a Frente Ampla desponta como terceira força nas pesquisas para eleições gerais de novembro. Já na Argentina, Cristina Kirchner tenta emplacar um novo partido peronista.
Estas notícias e muitas outras podem ser conferidas abaixo.
Charles Rosa – Observatório Internacional
REINO UNIDO: Desdobramentos do resultado eleitoral
Com popularidade em queda livre, Theresa May encontra dificuldades em encontrar parceiros para permanecer no governo. As pesquisas subsequentes ao pleito eleitoral demonstram que a legitimidade da primeira-ministra saiu bastante avariada, ao ver sua aposta – de que os conservadores aumentariam sua hegemonia parlamentar sobre os trabalhistas – se transformar justo no oposto. O prestígio de seu principal opositor, o líder do Labour Party Jeremy Corbyn, cresce a cada dia, assim como o apoio a realização de novas eleições ainda em 2017.
Abaixo, três artigos que abordam a instabilidade da situação política britânica:
Editorial do The Guardian (13/06) – “Sobre o governo conservador: a coalizão do caos”
Um virulento ataque de um antigo primeiro ministro, renúncias ministeriais e movimentos para suavizar o Brexit, tudo isso ocorrido num outro dia extraordinário em Westminster -
“Essa confusão contínua sugere que ainda é cedo para se ter uma certeza quanto a capacidade de uma ferida e desmoralizada senhora May de se aguentar tanto como líder partidária quanto primeira-ministra. Por enquanto, ela acalmou seu partido; seus parlamentares mostraram sua capacidade familiar para exibições públicas de unidade, quaisquer que sejam as inimizades existentes abaixo do horizonte político. Ela deve provar em breve se pode comandar uma maioria na Câmara dos Comuns e a lealdade de seu partido. O primeiro desafio vai requerer uma flexibilidade nas políticas quanto ao pagamento do setor público e os cortes ameaçados para as escolas, saúde pública e assistência social, e uma atitude mais generosa em relação à imigração que pode minar o segundo desafio. O mais ardentes brexiters não serão facilmente dobrados. Somente o medo de outra eleição contra Jeremy Corbyn encontra-se entre ela e o colapso.”
El País (12/06): “Coluna de Almudena Grandes: Jeremy Corbyn, uma alegria”
“No panorama político britânico só existe um fator estável, um elemento coerente consigo mesmo, um homem que não vem manobrando, nem perseguindo alianças improváveis, nem mundando de opinião. Bem sei que Jeremy Corbyn não venceu as eleições, mas seu resultado vale quase tanto que uma vitória. Depois de acompanhar o resto da esquerda europeia num descanso contínuo e sustentado, tão prolongado como se estivesse selada a sua extinção, os trabalhistas britânicos não apenas inverteram a tendência. Conseguiram isso, ademais, sem marketing, sem maquiagem, sem eufemismos, com um líder que desafia todos os prejuízos pós-modernos sobre o êxito. Sem fazer analogias, eu celebro esta alegria, e celebro ainda mais a esperança de que seja a primeira de outras muitas”.
The Guardian (16/06) – “Um choque para o sistema: como Corbyn mudou as regras da política britânica”, por Gary Younge
“Se as antigas regras da política foram destruídas, ainda não sabemos quais as novas regras que prevalecerão. Muito mudou desde a semana passada. As classificações de popularidade de Theresa May caíram para -34, aproximadamente o nível de Corbyn em novembro passado, enquanto que agora tantas pessoas têm uma visão favorável de Corbyn como nunca. Survation, o instituto de pesquisa que mais se aproximou da previsão do resultado da eleição, coloca o Partido trabalhista cinco pontos à frente dos Tories. (…) Este momento pode ter a promessa de se tornar algo mais. Mas neste momento, não é mais do que uma promessa.”
FRANÇA: Alta abstenção confere a Macron o domínio absoluto do Legislativo
O primeiro round eleitoral das eleições legislativas levaram a formação política de Emmanuel Macron (Republicanos em Marcha) a ultrapassar a marca de 400 assentos (de um total 577). O nível recorde de abstenção (apenas 50% dos eleitores aptos saíram de casa para votar), o naufrágio absoluto do Partido Socialista e o declínio da direita tradicional foram outros destaques do pleito realizado no último domingo (11/06), o qual será completado em 18 de junho – o sistema eleitoral francês é distrital e com dois turnos.
Editorial do Le Monde (12/06) – “Macron e os desafios da hegemonia”
“A République en marche (LRM), que não existia há dezesseis meses, tornou-se a primeira formação política da França, ao menos na Assembleia Nacional. Ele não encontrará quase nenhuma oposição mais tenaz: a direita pesa a metade do que pesava antes, o PS está moribundo, a Frente Nacional e A França Insubmissa recuaram fortemente em comparação com a eleição presidencial. Além disso, muitos dos sobreviventes dessa primeira rodada de fatalidades, socialistas ou Republicanos, já declararam alinhados com o projeto presidencial, e prontos para apoiá-lo, o que não deverá ser mais necessário que o apoio de MoDem de François Bayrou, afogado na massa de deputados macronistas.
Mas não se deve confundir velocidade com apoio popular. Este impulso dos eleitores do LRM, que levou quase todos os lugares onde que seus candidatos se apresentaram, está ainda muito longe de representar uma larga adesão em amplos setores da opinião. O sucesso sem precedentes deste partido recém-formado coincide com outro recorde histórico: pela primeira vez na história da V República, mais da metade dos eleitores não participaram do escrutínio legislativo. Essa erosão contínua depois da instauração do quinquênio desta vez experimentou um agravamento considerável: 8 pontos percentuais na participação evaporaram desde 2012. Mais uma vez, o partido copia o presidente que foi eleito em maio com 43,5% dos eleitores inscritos. Dessa vez, o avanço consequente dos “marcheurs” repousa sobre um pouco mais de 15% dos inscritos.”
El País (12/06) – “A queda dos velhos partidos e dos populistas deixa França sem oposição”
“Poderia ter ocorrido que, numa época de descontentamento com as elites, o vazio fosse ocupado pelos movimentos alternativos com líderes fortes. Mas a desconfiança com a UE, a mundialização, o capitalismo e o sistema em geral não se traduziu na vez de Mélenchon. Aperar de disputar com o PS o papel de primeiro partido da esquerda, não será o principal grupo oposicionista. Tampouco o ambiente de retrocesso identitário e rechaço aos imigrantes impulsiona Marine Le Pen, líder do FN. Mélenchon obteve 19,6% dos votos no primeiro turno das presidenciais, há menos de dois meses. Nas legislativas, seu partido, somado aos comunistas, fica com 13,7% dos votos. Le Pen passou para o segundo turno das presidenciais e perdeu com 34% dos votos. Domingo, teve que se contentar com 13,2%. Queria ser a Donald Trump e quiçá nem tenha uma bancada parlamentar”.
CATALUNHA: Movimento independentista e referendo
Dias depois do presidente do governo da Catalunha, Carles Puigdemont, anunciar um referendo de separação da Espanha para 1 de outubro, em confronto com o governo Rajoy, dezenas de milhares se manifestaram em Barcelona para apoiar a decisão.
The Guardian (11/06) – “Pep Guardiola se junta a chamado por referendo sobre independência catalã”
“Pep Guardiola pode ter jogado para multidões maiores, mas nenhuma se compara a que ele se dirigiu neste domingo quando aprsentou o causa para um referendo sobre a independência catalã. Falando nos degraus de Montjuïc ante cerca de 40 000 de seus concidadãos, e flanqueado por um enorme banner com o slogan “Ame a Democracia”, o ex-treinador do Barcelona e atual manager do Manchester City leu um breve manifesto em catalão, espanhol e inglês”.
ESPANHA: Votação de moção de censura a governo
O Parlamento espanhol rejeitou a moção de censura a Mariano Rajoy, apresentada pelo Unidos Podemos. A medida, amparada nos diversos escândalos de corrupção circundando o governo conservador, necessitava de 176 votos para sua aprovação e obteve 82. A abstenção dos 97 parlamentares do PSOE foi determinante para que o governo continuasse de pé, ainda que cambaleante.
Editorial do El País (13/06) – “Moção de Confiança”
“Com a apresentação da moção de censura que o Parlamento debateu nesta terça-feira, Pablo Iglesias buscava um triplo objetivo: desgastar Mariano Rajoy e seu governo, apresentar-se ante os eleitores de esquerda como a principal força de oposição ao PP e relegar os socialistas a um segundo plano. (…) Iglesias logrou dois objetivos, especialmente o de fortalecer-se ante o eleitorado de esquerda e impor um curto-circuito a um PSOE em má fase que luta para se recuperar. Daí que o resultado do primeiro dia de debates foi que os dois grandes protagonistas que se enfrentaram no hemiciclo, Iglesias e Rajoy, se afiançaram ante seus respectivos seguidores e conseguiram uma vantagem importante”.
GRÉCIA: Novo resgate
Depois de meses de impasse, o Eurogrupo resolveu desbloquear um pacote de resgate de 8,5 bilhões de euros para a Grécia cumprir seus compromissos de julho. O parlamento grego havia aprovado em maio uma série de medidas de austeridade para convencer as instituições financeiras a concederem novo aporte de recursos.
DW (16/06) – “Alexis Tsipras e Wolfgang Schauble exaltam novo acordo de austeridade”
“Nesta sexta-feira, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, disse que o último acordo de austeridade negociado por seu governo permitiria que a Grécia ficasse em pé de forma financeira em breve. Os credores emprestaram ao país 8,5 bilhões de euros (US $ 9,5 bilhões) na quinta-feira. O novo empréstimo ajudará a Grécia a pagar US $ 7 bilhões devidos aos credores até julho. (…) Aqueles familiarizados com as condições na Grécia ao longo de sete anos de austeridade foram mais críticos. O economista Yanis Varoufakis, o antípoda freqüente de Schauble, chamou a exigência de um superávit orçamentário de 3,5% do PIB até 2022 e 2% até 2060, não realista – até mesmo cruel.”
RÚSSIA
Carta Capital (12/06) – “Rússia prende líder opositor e mais de mil em protestos”
“Milhares de jovens russos adotaram o feriado patriótico do Dia da Rússia para manifestar contra a corrupção no governo e exercer pressão sobre o presidente do país, Vladimir Putin. Esta é a segunda onda de manifestações na Rússia, depois da de 26 de março, organizada por Navalny, que lidera uma campanha anticorrupção na internet. Na época, ele também foi detido e passou 15 dias na prisão. O público alvo da campanha são adolescentes e estudantes que cresceram sem ter visto uma Rússia sem Putin no poder.”
ESTADOS UNIDOS: Semana de Trump
Quatro fatos ocuparam o noticiário relacionado a Trump nesta semana. Um ataque a tiros contra congressistas republicanos em Virginia, a primeira admissão pública de que está sob investigação do FBI por conluio com a Rússia nas eleições presidenciais, o depoimento favorável de seu secretário de Justiça Jeff Sessions no Senado e a reversão do acordo com Cuba assinado por Obama.
NY Times (15/06) – “Retórica e balas”, por Charles M. Blow
“Como o Washington Post reportou, o tiroteio de quarta-feira foi o 154° ataque massivo neste ano nos EUA. Ou seja, 154 ataques massivos em apenas 165 dias. A violência, particularmente a violência armada, é o fato americano, a vergonha americana. Este país tem uma cultura violenta, está cheio de armas e nossos legisladores federais – principalmente republicanos, deve-se dizer, porque não há equivalência real – tem menosprezado até mesmo moderadamente regulamentar o acesso às armas.”
Folha de SP (13/06) – “Equipe de Trump mostra-se inábil para afastar suspeita de conluio”, por Marcos Augusto Gonçalves
“Trump e seus assessores parecem empenhados em transformar as investigações sobre a interferência russa no processo eleitoral numa areia movediça da qual a administração republicana não consegue se afastar. Com boa vontade, os defensores atribuem os erros à inexperiência ou à “ingenuidade” do mandatário neófito sobre o funcionamento do jogo político-governamental. Para os opositores, o imbróglio é uma evidência do despreparo e da incapacidade de Trump para exercer a Presidência. O fato é que a Casa Branca demorou a tomar decisões e deixou o processo se transformar numa bola de neve política. Trump hesitou em afastar Jeff Sessions do Departamento de Justiça quando se soube que ele não mencionara ao Senado dois contatos com o embaixador russo nos EUA.”
G1 (16/06) – “Trump reconhece que está sendo investigado por demitir Comey do FBI”
“O presidente americano, Donald Trump, reconheceu, nesta sexta-feira (16), que está sendo investigado pela demissão do ex-diretor do FBI, James Comey. Em uma mensagem publicada em seu Twitter, ele criticou o processo, que chamou de caça às bruxas.”
El País (16/06) – “Trump recua na aproximação com Cuba”
“De volta à retórica do chicote, presidente dos EUA vai limitar as viagens à ilha, proibirá relações comerciais e estabelecerá metas para forçar avanços nos direitos civis”.
AMÉRICA LATINA
El País (15/06) – “América Latina é a região do mundo com maior proporção de riquezas em paraísos fiscais”
“As grandes fortunas latino-americanas são um filão para os paraísos fiscais. Nada menos que 27% da riqueza privada total da América Latina está depositada em países que oferecem condições fiscais favoráveis para os mais ricos, o que a converte na região do mundo com maior proporção de capitais privados nessas nações, à frente do Oriente Médio e África (23%) e da Europa Oriental (20%). E a anos-luz da Europa Ocidental (7%), Ásia-Pacífico (6%) e Estados Unidos e Canadá (1%), segundo um estudo apresentado quarta-feira pelo Boston Consulting Group, uma das maiores empresas de consultoria estratégica do mundo.”
ARGENTINA
El Mundo (14/06): “Cristina Kirchner retorna à arena política e divide peronistas”
“Cristina Fernández de Kirchner está de volta à arena política. E como não podia ser diferente, seu regresso, oficializado nesta quarta-feira com a criação de um novo movimento eleitoral, gerou a enésima tormenta política na Argentina. Unidad Ciudadana, a frente impulsionada pela ex-mandatária, participará nos próximos comícios legislativos, (cujo primeiro “round” serão as primárias abertas e obrigatórias em agosto) mas momentaneamente o fará por fora do marco legal do Partido Justicialista (PJ), uma forma que se concretizada supõe uma nova cisão no peronismo para regozijo do presidente conservador Mauricio Macri.”
TURQUIA
El País (15/06) – “A oposição turca inicia uma longa marcha a pé para exigir justiça”
“O chefe da oposição turca, o social-democrata Kemal Kilicdaroglu, 68, começou quinta-feira um longa marcha a pé (431 quilômetros) da capital, Ankara e Istambul para exigir justiça e exigir a libertação de muitos políticos e jornalistas presos. Atualmente 167 trabalhadores dos meios de comunicação estão atrás das grades na Turquia, bem como mais de uma dúzia de deputados, incluindo Selahattin Demirtas e Figen Yüksekdağ, líderes da terceira formação no parlamento, o Partido da Democracia dos Povos (HDP, pró-curdo).”
NOTÍCIAS E DEBATES DA ESQUERDA INTERNACIONAL
Portal de La Izquierda (15/06) – “Eleições britânicas: derrota do establishment Tory, Corbyn reivindicado, políticas radicais de volta ao centro das atenções, May deve ser forçada a renunciar”
Análise eleitoral do grupo socialista britânico Socialist Appeal.
NY TIMES (13/06) – “Bernie Sanders: Como os democratas podem parar de perder eleições”
“As eleições britânicas devem ser uma lição para o Partido Democrata. Nós já temos a menor participação de eleitores de qualquer país importante no planeta. Os democratas não ganharão se a eleição de 2018 se assemelhar a 36,7 por cento dos eleitores elegíveis que votaram em 2014. Os democratas devem desenvolver uma agenda que diz respeito à dor de dezenas de milhões de famílias que estão trabalhando mais horas para salários mais baixos E aos jovens que, a menos que voltemos a economia, terão um nível de vida mais baixo do que seus pais.”
La Haine (16/06) – “Chile: radiografia do cenário eleitoral”
Meses que antecedem as eleições gerais em novembro têm demonstrado um crescimento da Frente Ampla nas pesquisas.
El Ciudadano (15/06) – “Paraguai: Camponeses marcham em Assunção 5 anos depois do massacre de Curuguaty”
Um dos países com maior concentração de terra no mundo, o Paraguai teve nesta semana uma marcha pela reforma agrária. No Congresso, Fernando Lugo foi eleito presidente do Legislativo, com o apoio de vários deputados colorados.
Esquerda.net (13/06) – “Grécia: a violência imbecil dos credores, por Michel Husson”
“A Grécia já não é uma democracia: são os credores que elaboram as leis”, afirma o economista francês Michel Husson que, neste artigo, analisa as contradições das exigências feitas à Grécia por parte da Comissão Europeia, FMI e principais credores.
Sin Permiso (11/06) – “Referendo na Catalunha? Simplesmente democracia”, por Daniel Raventós e Miguel Salas
“A convocatória de um referendo é uma reivindicação que, como repetidamente mostram distintas pesquisas, conta com o apoio de 80% da população catalã. A exigência de exercer o direito de autodeterminação representa o fracasso das políticas centralistas dos governos espanhóis, tanto do PP como do PSOE, incapazes de oferecer soluções políticas.”
VientoSur (15/06) – “Esboço. A esquerda, o caos do irreconciliável”, por Hubert Huertas
“Que desastre! A esquerda alcançou seu nível mais baixo em votos desde 1958. É ainda pior em cadeiras. O Partido Socialista afundou, França Insubmissa está debilitada e Europa Ecologia e o PC marginalizados.”
El País (13/06) – “Feministas iemenitas na primeira linha”
“Ainda que o termo feminismo ainda não tenha sido adicionado no dicionário das iemenitas, os levantes de 2011 propiciaram a criação de uma cultura política de resistência entre as mulheres”.
EuroNews (16/06) – “Nicmer Evans: Um chavista contra Maduro”
“O presidente Maduro está contra a Constituição de 1999, de Hugo Chavez e que teve o consenso absoluto dos venezuelanos. A única maneira de o presidente Maduro, sem legitimidade, conquistar e manter o poder no país é através de uma Assembleia Nacional Constituinte e com uns métodos eleitorais que permitam que 25 por cento da população se transforme em 75 por cento, ou 80, ou 100 por cento, e consiga assim o controlo da Assembleia Constitucional”, afirma Evans.
IHU-Unisinos (16/06) – “A esquerda atual. Entrevista com o pensador belga Bruno Bosteels”
“O que a esquerda, muitas vezes, fez frente à derrota, por se tratar de uma experiência traumática, implica certo bloqueio, certo desvio, certa estratégia de evitar. Não se trata de julgar negativamente essas respostas; cada pessoa lida com esse passado da forma como pode. Também é preciso compreender que uma forma de lidar com a autorreflexão sobre a crise e a derrota da esquerda, em suas modalidades dos anos 1960 e 1970, da revolução, da tomada de poder, da luta armada, da luta autônoma, ou até da questão da guerrilha, foi pensar que nos equivocamos”.