Caru Schwingel – Especial para Fundação Lauro Campos
Cidade do México, 1o de julho de 2018, a megalópole desperta em estranha calmaria à espera do voto que pode mudar a história republicana de seu país. Hoje ocorrem as maiores eleições já realizadas em seus quase 200 anos republicanos. São 88,7 milhões de mexicanos convocados a 154 mil urnas nos 31 estados e Distrito Federal. E pela primeira vez, o candidato abertamente à frente nas pesquisas foge à regra da elite econômica que sempre comandou o país.
Andrés Manoel López Obrador acaba de votar em Copilco, zona sul da Cidade do México, 8h no México, 10h no Brasil. Natural do estado de Tabasco, de ascendência indígena, candidato pela quarta vez à presidência da República, López Obrador, ou simplesmente AMLO para os mexicanos, representa a mudança. Representa a esperança de futuro, benfeitorias sociais, nacionalismo e – por que não? – uma perspectiva socialista mediante o neoliberalismo. Morena – Movimento pela Regeneração Nacional, é um partido de esquerda criado em 2012 para impulsionar a campanha de López Obrador. Une-se ao PT – Partido do Trabalho e ao PES – Partido Encontro Social para a coligação “Juntos Faremos História”, e a estão fazendo. A configuração política do México depois destas eleições, ganhando ou não López Obrador, já não será mais a mesma.
Pesquisas indicam o candidato com mais de 40% mediante José Antonio Meade, do Partido de direita do atual presidente, o PRI – Partido Revolucionário Institucional, na coligação Todos por México, e de Ricardo Anaya, do PAN – Partido da Ação Nacional, na coligação México à Frente, ambos com cerca de 20%. Porém há um grande número de indecisos que podem modificar esses dados.
Especialistas estimam que cerca de 80% dos mexicanos irão às urnas hoje. Apesar do voto ser considerado uma obrigação na Constituição Federal, não há obrigatoriedade ou sanções para quem não comparece nas eleições. Entre um desencantamento pela política e a necessidade de mudança, o mexicano médio diz “se não houver fraudes, López Obrador será nosso presidente”.
Luiz Fernández, advogado e diretor executivo do movimento cidadão Nosotrxs, que fiscaliza as ações das instituições governamentais, diz que é muito difícil ter fraude eleitoral nestas eleições. “O que podem ocorrer são delitos eleitorais. Urnas não chegarem, cédulas eleitorais sendo levadas a pessoas para votarem e levadas às urnas de volta, situações de pagamento de votos (voto de cabresto). Mas o INE – Instituto Nacional Eleitoral é uma das instituições mais éticas do país”.
México vai às urnas e no final da tarde entra em compasso de espera, pois a primeira prévia oficial deverá sair às 23h, 1 hora da manhã no Brasil. Devido à conferência do voto eletrônico com a cédula em papel, a apuração pode se estender até segunda-feira. Além do presidente, os mexicanos elegem a 128 senadores e 500 deputados federais.