“Fui surpreendido com uma declaração de um delegado da polícia civil que atesta que o Amarildo, que está desaparecido desde o dia 14 de julho, e sua esposa eram traficantes. O delegado não está mais no caso, nem na delegacia que apurou a questão e, neste momento, em que todas as investigações se voltam para a necessidade de se explicar onde está o Amarildo, estranhamente vem a declaração do delegado. Estou acompanhando esse caso desde o início, tenho ido sistematicamente à Rocinha, como fui hoje. Ele é ajudante de pedreiro, com contracheques, que foram apresentados aos policiais que o levaram para apuração na UPP. (…) O delegado comete uma das coisas mais perversas que eu já vi: a inversão do ônus da prova. Se você é pobre, favelado, de origem nordestina ou é negro, e desapareceu : talvez você tenha culpa de alguma coisa. Esse raciocínio de criminalização das favelas é uma das coisas mais perversas que eu já vi acontecer promovido por autoridades públicas do Rio de Janeiro. Criminaliza a vítima para desqualificar a denúncia. (…) A Comissão de Direitos Humanos está aqui protestando contra essa versão de um delegado já afastado do caso e, neste domingo, que é dia dos pais, nós estaremos ao lado dos filhos de Amarildo, na Rocinha, de manhã”, afirmou Marcelo Freixo, no plenário da Alerj, nesta quinta-feira, 8/8/2013.